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As instalações que hoje compõem a Casa do Brigadeiro, começaram a ser construídas no segundo quartel do século XIX. No local onde hoje se encontra instalada a Casa do Brigadeiro, existia um conjunto de casas térreas, de todo iguais à generalidade das casas beirãs com loja de animais no piso térreo e um piso mais elevado onde viviam as pessoas, em que o acesso se fazia por um balcão exterior. As casas eram construídas em granito, com a separação dos pisos em madeira de castanheiro e pinheiro, e as divisões em tabique, uma mistura de barro, madeira e cal. O telhado era de telha de canudo, a chamada telha portuguesa, e havia muito poucas janelas na casa, para que as pessoas se pudessem resguardar das grandes amplitudes térmicas da região.
 

 

 

Quem somos

Todas essas casas bem como um conjunto enorme de quintas eram propriedade de uma família de apelido Corte Real, que tinha a sua casa-mãe na freguesia de Torrozelo, no concelho de Seia. Eram proprietários de terras por todo a região, nomeadamente em Fornos de Algodres, Linhares da Beira, Gouveia e Guarda.
Por razões de partilhas, ficaram os terrenos do concelho de Celorico da Beira, propriedade do major-general José Maria Pires, que edificou a estrutura da casa como se encontra hoje. Grande proprietário na então colónia de S. Tomé e Príncipe, José Maria Pires construiu esta casa com um perfil de casa senhorial beirã, mesclando com um toque de casa de arquitectura colonial, como ainda hoje se nota na forma como estão distribuídas as janelas da frontaria.
A casa era em pedra de grande qualidade, e inicialmente foi pintada de vermelho-ocre, cor que se manteve décadas. A qualidade da pedra poderia pressupor que a casa seria para ficar em pedra à vista, mas se tivermos em conta que a generalidade das casas da Beira, onde a população vivia em péssimas condições, eram de pedra, pelo que era sinal de abastança manter a casa bem pintada. Era uma das formas de manifestar o estatuto. A magnólia centenária que existe no quintal foi plantada por José Maria Pires, e de forma a impedir qualquer tentativa de que a mesma venha a ser vandalizada, os actuais proprietários solicitaram um estatuto de árvore protegida, algo que foi considerado e que foi publicado em Diário da República, sendo apenas uma de duas com esse estatuto no concelho de Celorico da Beira.
Com o falecimento no fim do século XIX de José Maria Pires, herda "o casal" sua filha, D. Carlota Corte Real Albuquerque Faro Pires, casada com o causídico Dr. José Maria do Nascimento, que morre prematuramente em 1928 . Com a morte do Dr. José do Nascimento, a casa é herdada pelos seus dois filhos, que a dividem já na década de 40, e pintam-na de azul-cobre.
No dealbar da década de 60 o marido de D. Maria Antónia Corte Real Albuquerque, adquire a casa a seu cunhado e acaba com a divisão da casa. É com o marido de D.Antónia, brigadeiro José Eduardo Pai da Vida Santos, que se manifestou com o general Botelho Moniz para a abdicação de Salazar, no movimento a que se chamou a "Abrilada" em 1961, a altura em que a casa sofre um grande impulso de rejuvenescimento da sua estrutura física. O brigadeiro Pai da Vida Santos, faz um conjunto de obras que evitaram a sua degradação acentuada, situação essa a que não era alheia a progressiva decadência das grandes casas rurais da Beira, fruto do acelerado abandono da terra. A este processo de descapitalização das terras não é alheia a emigração em massa dos camponeses para os grandes centros urbanos, Brasil em determinada fase e posteriormente para a Europa central na busca de melhores condições de vida e numa tentativa de fuga à guerra colonial em África.
Apesar de empenhado o brigadeiro Pai da Vida Santos, que mandou pintar a casa de branco, começou a sentir que a casa podia exigir um enorme esforço financeiro para o seu restauro. Motivado por divergências familiares a casa foi posta à venda e foi adquirida por Joaquim Gomes Pereira e Dr.ª. Odete Maria Silva Almeida Gomes Pereira em 1982, tendo começado nessa altura uma tímida tentativa de recuperação do edifício.
Em 1989 os filhos do casal, Fernando Manuel de Almeida Pereira e Ana Maria de Almeida Pereira levaram a cabo, com ajuda de seus consortes, um plano de recuperação total da casa visando transformá-la numa casa de turismo de habitação, algo que foi conseguido, tendo começado a funcionar em Abril de 1991, sendo a primeira unidade no concelho de Celorico da Beira e a terceira em todo o distrito da Guarda.
Hoje é propriedade de Fernando Manuel de Almeida Pereira, por herança de seus pais então falecidos, e continua a merecer obras que a possam valorizar para os objectivos a que se propôs, como uma casa onde o passado tem a memória que o presente denodadamente faz tudo para não esquecer.
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